sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Meu corpo chegou ao limite. Entro oficialmente no estado vegetativo. Não consigo fazer nada. Não consigo me mexer. Você está absurdamente grande para o tamanhinho da sua mãezinha. Não aguento mais isso. Quero dormir dormir dormir.


Amanhã vamos tentar descobrir o motivo da sua teimosia inabalável. Enquanto isso, me refugio na minha imaginação tentando me inserir no meu mundinho ideal. AH, mas aí vem a realidade, doce doce realidade...


Hoje tive que discutir com sua avó. Tive que levar sua Tia Keila embora. Queria tanto ela comigo quando você nascesse, ela iria me deixar calma, tranquila...Nada de você me entender, de colaborar...mas tudo bem, viva sua individualidade. Sua vó ficou torcendo para você não vir enquanto sua Tia Keila estivesse aqui, achando que eu mudaria de idéia e passaria a querer ela dentro da sala de parto comigo quando você chegasse. Difícil situação, amo demais a sua vó, preciso do apoio e da ajuda dela, quero ela sempre perto da gente, participando da sua vida...MAS acontece que ficar dentro da sala do parto é outro assunto, e ela não consegue desvincular.


Acontece que sua avó está com dificuldades enormes em me enxergar como mãe. Ela acha que tenho que "conquistar"o direito de ser mãe e de ter respeito pelas minhas decisões. Já penso que esse direito é meu à partir do momento que resolvo encarar a responsabilidade e te ter. Precisarei sempre da opinião dela, dos conselhos, mas é muito diferente dela pensar que deve tomar as decisões sobre sua vida no meu lugar. Ela tem medos terríveis, os quais nem vou me dar o trabalho de citar, ela não ouve minhas opiniões, acha sempre que vou sofrer muito por não ouvir os conselhos dela. Tento explicar as situações, os fatos e parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. Penso na seriedade e na sensação de ver uma criança nascendo e sinto que, não sendo seu pai ou alguma amiga muito próxima, simplesmente não quero compartilhar essa experiência com mais ninguém. Ela já sente que você é dela, que sua vida é dela, imagina se ela te ver nascer então! Ela fica nervosa com facilidade, ainda mais vendo a própria filha, frieza não existe! Ela iria ficar opinando, mandando...talvez se desesperasse e começasse a orar ferverosamente, me deixando mais nervosa e ainda me sentindo na responsabilidade de acalmá-la!


Até pensei em convidar outra pessoa, mas é certo que minha mãe se ofenderia MIL vezes mais se, além de não chamá-la, eu chamasse outra pessoa da família. Tentei explicar minhas razões, as milhões delas, afinal, se eu tivesse um namorado ou marido ela não entraria e nem reclamaria! A impressão é que ela sente que a falta de pai dá automaticamente os direitos dele para ela. Não funciona assim. Você foi feita por mim e pelo seu pai. Se ele não participar da sua vida, você será só minha, mas isso não tira e nem transfere os direitos que ele tem. Pai é pai, avó e avó. Existem casos e casos, mas não admito ser pintada de vilã só porque, como MUITAS outras mulheres, opto por não ter minha mãe na sala de parto e prefiro vê-la logo em seguida.


Essa gravidez tem sido uma experiência intensa do começo ao fim. Passei muito tempo sozinha, cresci muito com todas as situações desses últimos 9 meses. Mudei de casa, de país, ganhei e perdi, descobri tantas coisas...no começo deu medo de ficar sozinha na sala de parto, mas agora me sinto tão ansiosa, feliz e segura que quero muito que seja uma experiência só minha, não quero compartilhá-la com mais ninguém. Você é minha, sou sua e nessa exata hora, preciso pensar no meu bem-estar que ainda está ligado ao seu.


Te amo, por favor não demore demais.

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