quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

15 dias



Esse post é pra mim.
Tenha coragem Kaley. Problemas...aqui ou lá...tanto faz...
Você tem que reverter toda negatividade. Você tem essa obrigação agora. Olha essa pequeneninha no seu colo dormindo. Pelo menos agora você tem companhia, você tem um objetivo. Essa menininha depende de você pra tudo, inclusive para entender o mundo externo, para interpretar. Os gritos que vocês ouviram agora, a discussão, a briga...AS brigas...a infelicidade de quem está por perto não precisa ser sua.
Desencana dessa gente, desencana dessa cultura...você tem para onde ir. Você já achou um lugar onde é feliz, o agora é temporário. Por mais assustador, incerto e desconfortável que seja, lembre-se de que é temporário. O tempo está passando rápido. Logo você estará arrumando sua casinha, o quartinho da Lauryn.
Desencana, desencana...
Tem tanta gente que te ama e vai te apoiar. Olha tudo que aconteceu até aqui! Quando você pensou que não havia saída pesssoas surgiram pra te mostrar que nunca está sozinha, que é especial e protegida. Não se esqueça dessas pessoas, elas estão sempre presentes...
Sua filha nasceu linda e perfeita. Você conseguiu! Você se cuidou, você manteve a sanidade durante uma gravidez super difícil e agora todo seu esforço foi compensado. Diga se não é a coisa mais legal do mundo cuidar dela!
Sim, sim...cuidar da minha filha é a coisa mais legal que já fiz na vida, parece que estou de férias. Ela é simplesmente perfeita e estou disposta a fazer qualquer coisa para a felicidade e bem-estar dela. O resto é resto...
Devo ressaltar que além de linda e perfeita e saudável ela já fala. Sim, fala. E ainda tem todas as expressões faciais de uma atriz dramática..um encanto. Esses foram, definitivamente, os melhores 15 dias da minha vida!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Leoa

Ai meu amor!
Como é bom cuidar de você! Nossa, é uma delícia te amamentar, trocar as fraldas, dar banhinho. Você reclama de banho como qualquer criança, mas ADORA lavar o cabelo! Adora quando lavo, penteio...é um amor! Acho que vai ser vaidosa que nem a mãe!

Amanhã você tem consulta no médico, vai ser nosso primeiro passeio. Vamos ver como sua mãe vai se sair no "multi-tasking"...cuidar de pessoinha pequena dá um trabalhão! Haja habilidade!

Já senti o tempo acelerando, antes tão lento para passar agora corre. Dá medo de piscar. É maravilhoso saber que você está comigo todos os dias, que posso ver você crescer. É indescritível olhar pra você e pensar nos meses que te carreguei, tudo que senti e o amor que sinto agora. Nossa, minha felicidade não tem tamanho mesmo. Cada minuto com você é melhor que o último.

Virei ciumenta, mamãe leoa mesmo! Minha pequeneninha, só minha.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

VOCÊ CHEGOU! VOCÊ CHEGOU!

Filha minha, pela primeira vez eu escrevo olhando pra você. Sinto...nem sei descrever, é tanto amor, tanta espera, tanta expectativa e agora você está aqui!

Você chegou esse domingo, 2 dias depois do meu último post. Eu estava realmente no fim da jornada. Estava no meu limite! Naquela madrugada entrei em trabalho de parto e passei as próximas 33 horas com dores regulares que se intensificavam cada vez mais e alguns minutos de sono. Domingo o dia foi longo e maravilhoso. Tudo correu absurdamente bem. Creio do fundo da alma, que por tudo que passei, por toda coragem que eu tive, não tinha como nada dar errado. Estava eu sozinha, depois de 8 meses de tormento, de medo, de abandono, mudanças, provas, coragem, debates, brigas, discussões, mágoas, raiva, perdão, expectativa, espera...finalmente olhando pra sua carinha, vendo a expressão no seu rosto e sentindo a felicidade mais completa do mundo!

Não vou poder passar as horas escrevendo como antes, você já está precisando de uma troca de fralda. Mas pretendo documentar os meus dias de mãe de primeira viagem. Acho que essa experiência só vai ficar mais interessante. Afinal, tem muita aventura pela frente. Hoje tive uma, que me lembrou do blog e resolvi que TINHA que separar um tempinho, tirar você do meu colo e escrever sobre.

Desde que você chegou, prezo muito nosso tempo. Não tô gostando muito de dividir você. Tudo bem alguém pegar no colo por alguns minutos, mas tenho que estar do lado! Não gosto que troquem sua fralda ou te dêem banho...EU QUERO FAZER! Que ciumenta, não?

Hoje sua vó veio te ver um pouco e te olhar para eu ir no mercado fazer compras. Você comeu e dormiu como sempre e saí com o coração na mão. Entrei no carro e já lembrei que sempre colocava o rádio pensando que você estava escutando a música junto comigo. Ai saudade! Cheguei na esquina de casa e já meu deu um desespero, não ficava sozinha há 9 meses! Que solidão! Lembrei da sua carinha linda me olhando e desabei a chorar! Consegui me recompor no mercado, mas não consegui agilizar tudo nos 40min que havia prometido. Já liguei pra casa, falei com seu tio: "Sua mãe está lá em cima com ela..." "Você ouviu ela chorar?" "Não, nada..." "Já tô chegando, já tô chegando!"

A caixa do mercado que sempre me via grávida e perguntava de você quis saber como estava, se chegou bem. Meu olho já encheu de lágrima. Chorei a caminho de casa, entrei correndo, louca pra te pegar no colo, chorando convulsivamente...minha mãe levou um susto! "Mas o que foi que aconteceu?" "Ai, não meu aguentei de saudadeeeeee!!!"

Nossa, não sei como vai ser daqui pra frente. Juro que cogito botar você de novo dentro da barriga pra não precisar ficar longe nunca. E só de pensar que você vai crescer! Que coisa absurda! Você não! Acho que deve ficar assim pra sempre, como esse cheirinho maravilhoso de neném, desse tamanhinho perfeito.

Espero que você me escute.

Em breve escrevo mais. Obrigada a todos que lêem esse blog e me desejam bem . Obrigada pelo carinho e pelo apoio. Cada prece fez diferença e senti a presença de todos vocês na hora do parto.

Minha pequena é perfeita e saudável. Meu mundo está completo.
(desculpem os errinhos, cuidar de neném sozinha dá um trabalhão e tô sem paciência pra corrigir mto)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Meu corpo chegou ao limite. Entro oficialmente no estado vegetativo. Não consigo fazer nada. Não consigo me mexer. Você está absurdamente grande para o tamanhinho da sua mãezinha. Não aguento mais isso. Quero dormir dormir dormir.


Amanhã vamos tentar descobrir o motivo da sua teimosia inabalável. Enquanto isso, me refugio na minha imaginação tentando me inserir no meu mundinho ideal. AH, mas aí vem a realidade, doce doce realidade...


Hoje tive que discutir com sua avó. Tive que levar sua Tia Keila embora. Queria tanto ela comigo quando você nascesse, ela iria me deixar calma, tranquila...Nada de você me entender, de colaborar...mas tudo bem, viva sua individualidade. Sua vó ficou torcendo para você não vir enquanto sua Tia Keila estivesse aqui, achando que eu mudaria de idéia e passaria a querer ela dentro da sala de parto comigo quando você chegasse. Difícil situação, amo demais a sua vó, preciso do apoio e da ajuda dela, quero ela sempre perto da gente, participando da sua vida...MAS acontece que ficar dentro da sala do parto é outro assunto, e ela não consegue desvincular.


Acontece que sua avó está com dificuldades enormes em me enxergar como mãe. Ela acha que tenho que "conquistar"o direito de ser mãe e de ter respeito pelas minhas decisões. Já penso que esse direito é meu à partir do momento que resolvo encarar a responsabilidade e te ter. Precisarei sempre da opinião dela, dos conselhos, mas é muito diferente dela pensar que deve tomar as decisões sobre sua vida no meu lugar. Ela tem medos terríveis, os quais nem vou me dar o trabalho de citar, ela não ouve minhas opiniões, acha sempre que vou sofrer muito por não ouvir os conselhos dela. Tento explicar as situações, os fatos e parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. Penso na seriedade e na sensação de ver uma criança nascendo e sinto que, não sendo seu pai ou alguma amiga muito próxima, simplesmente não quero compartilhar essa experiência com mais ninguém. Ela já sente que você é dela, que sua vida é dela, imagina se ela te ver nascer então! Ela fica nervosa com facilidade, ainda mais vendo a própria filha, frieza não existe! Ela iria ficar opinando, mandando...talvez se desesperasse e começasse a orar ferverosamente, me deixando mais nervosa e ainda me sentindo na responsabilidade de acalmá-la!


Até pensei em convidar outra pessoa, mas é certo que minha mãe se ofenderia MIL vezes mais se, além de não chamá-la, eu chamasse outra pessoa da família. Tentei explicar minhas razões, as milhões delas, afinal, se eu tivesse um namorado ou marido ela não entraria e nem reclamaria! A impressão é que ela sente que a falta de pai dá automaticamente os direitos dele para ela. Não funciona assim. Você foi feita por mim e pelo seu pai. Se ele não participar da sua vida, você será só minha, mas isso não tira e nem transfere os direitos que ele tem. Pai é pai, avó e avó. Existem casos e casos, mas não admito ser pintada de vilã só porque, como MUITAS outras mulheres, opto por não ter minha mãe na sala de parto e prefiro vê-la logo em seguida.


Essa gravidez tem sido uma experiência intensa do começo ao fim. Passei muito tempo sozinha, cresci muito com todas as situações desses últimos 9 meses. Mudei de casa, de país, ganhei e perdi, descobri tantas coisas...no começo deu medo de ficar sozinha na sala de parto, mas agora me sinto tão ansiosa, feliz e segura que quero muito que seja uma experiência só minha, não quero compartilhá-la com mais ninguém. Você é minha, sou sua e nessa exata hora, preciso pensar no meu bem-estar que ainda está ligado ao seu.


Te amo, por favor não demore demais.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

tô pronta bebê!


A dor mais maravilhosa que senti até esse momento é a dor da contração, filha. É a dor que te traz mais perto de mim. Como espero essa dor, como antecipo! Perdi tantos medos até agora, você de novo, me mudando para o melhor.


Sua tia Keila veio passar 10 dias comigo para ver você nascer e ficar comigo na sala de parto. Que presente absurdo! Veio lá do Chile, Filha...e grávida ainda! Pensou? Sua tia trouxe seu primo de 3 meses, pequeneninho e já tirando todo ar dela, já causando enjôo, já cansando...viajou 13horas pra cá e vão ser 13 horas de volta! Você vai fazer a desfeita de não vir filha? Você vai ser capaz de fazer sua mãe agonizar sozinha na sala de parto por capricho?


Tô vendo você. Toda gordinha, gostosa, roliça, saudável, feliz, agitada, forte, teimosa! Acabaram suas 40 semanas bebêzinha! Sua mãe quase desmaia toda vez que sai de casa carregando os 21quilos que você fez ela ganhar. Sim, sua mãe come toda natureba e saudável e você continua engordando! A lua está cheia, uma coisa louca de linda. O tempo está menos frio, nada de neve, de gelo...essa é uma noite ótima de resolver vir ao mundo. Amanhã será um dia ótimo também.


Ando muito mal humorada sabe? Ansiedade de ver sua carinha, de você vir logo, de eu passar pela dor logo, de saber que você está bem logo...Nem consegui escrever esses dias de tanta frustração. Várias idas ao hospital para exames e nada da dilatação necessária. Chorei tanto, hoje gritei, tive treco e tudo. Tô explodindo em todos os sentidos. Cada dia parece que você está mais baixa, mais perto...e NADA! Começo a sentir umas contrações aí pára. Agora, por exemplo sinto dores bem fortes, mas não são constantes o suficiente para começar a tal contagem.


Hoje de manhã levei o maior susto. Você é a criança mais agitada dentro da barriga que já vi ou ouvi falar. Até no meio de contrações você fica chutando e socando sem parar. Você tem horários de maior atividade, dorme pouco e sua rotina é a mesma há quase 5 meses. Como você sempre pede comida de 3 em 3 horas, ou no máximo de 4 em 4, me acostumei a acordar. Hoje, por algum motivo, acordei sozinha, sem os seus chutes. Pensei que podia estar dormindo ainda, ou calminha só. Fiz o que mandaram, comi um lanchinho e deitei do lado esquerdo esperando pelo menos 5 movimentos. Disseram que se você não se mexesse 5 vezes eu devia ir ao hospital. Deitei, esperei e NADA. Você, durante uma hora, ficou praticamente imóvel. Passei óleo na barriga, o que sempre faz você brincar comigo. Cutuquei você e nada. Começei a passar mal de medo. Quando estava desesperada já, QUASE indo pro hospital você acorda e começa a fazer o ioga matinal como se nada tivesse acontecido. Esticou e se virou toda feliz, nem aí com sua mãe já febril de preocupação!


Passamos o dia fora hoje, fomos na terapia, no shopping, caminhamos...fiquei cansadíssima. Cheguei em casa mais uma vez decepcionada de não ter tido contrações pelo caminho. Tadinha da sua Tia Keila tendo que me ver irritada assim.


Além de pedir para todos que me amam rezarem para você vir bem e LOGO...resolvi pedir para seu pai mandar um pensamento positivo pra gente também. Talvez ele pedindo faça diferença. Pedi desculpas pra ele hoje, pela milésima vez. Quero ficar limpa de mágoas, agressividade, raiva, incompreensão. Apesar de já ter pedido, sei que ele precisa ouvir de novo. Sei que já descontei muita dor e sofrimento nele e nem sempre com razão. Minha família pode não entender, outros podem julgar, mas não existe unilateralidade. Mesmo ele não acreditando, me fez bem falar aquilo. Sinto muito por ter agido agressivamente tantas vezes. Podia ter me expressado de outra forma. Quando quero sou muito má e talvez em alguns momentos eu posso ter ofendido muito mais do que me imaginei capaz. O meu desejo mais sincero é que ele seja feliz, que ele tenha sucesso e atinja os ideais. Afinal, não fosse ele, não teria você.


Pronto, viu? Tô pronta bebê. Venha, por favor! Preciso de você! Aprendi muito, chorei muito, lutei muito, cresci muito, mudei muito. Sou outra e vou continuar me transformando, me tornando cada vez melhor para ser a melhor mãe do mundo pra você! Acredite! Meu amor é incondicional, é só minha paciência que está curta! Mas poxa, tenho direito né?!

domingo, 29 de novembro de 2009

imagens valem mil palavras






















MUITA DOR!!!!


Vamos lá. Reta final. Último final de semana.


Por que tenho a sensação de que esses problemas são resultado de ... ? Parece que você, mesmo pequena assim, sente as mesmas coisas que eu. Parece que você conhece o problema e está esperando a resolução. (Louca, não vou fazer sentido e se eu fizer vou ter que apagar tudo que segue, já apaguei umas mil palavras.)


Não tenho mais a preocupação de entreter, apenas de expressar.

"Você não quer fazer isso! Você não imagina como é difícil, vai acabar com seu corpo, você vai engordar, vai se sentir mal o tempo todo, não vai conseguir trabalhar."

"Você vai perder amigos, você pensa que tem, mas na verdade está completamente sozinha."

"Você não sabe o que é cuidar de uma criança, duas pessoas já têm que se desdobrar, imagina você sozinha!"

"É uma asneira isso que você está fazendo!"

"Você sabe dos riscos do parto? Você pode morrer no parto, sabia?"


Não escutei, não acreditei. Tudo que vale a pena nessa vida exige luta. Por que as pessoas acham que o fácil é o certo? Por que as pessoas são unilaterais? Por que tão narcisistas?


Tenho tanta certeza do seu propósito nessa vida que você me enche de força e essa dor que sinto simplesmente não incomoda, nada.


O que te falta bebêzinha? Tenho tanto pra te dar. Tenho um amor indescritível. Saia! Pelo amor! Sua mãe não aguenta mais! Queria que você viesse naturalmente, saudável. Não seja teimosa. Não te faltará nada, juro por tudo bebêzinha. Sua mãe pode parecer louca mas ela só está assim porque você não chegou ainda!


Você é uma figura, filha. Não pára de mexer nem no meio de contrações. Impressiona sua força. Que pessoinha especial. Que privilégio ser sua mãe!


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Thanksgiving Day


Não consegui escrever muito. Não ando no melhor dos humores. Graças à Deus, sua Tia Keila está aqui agora, ajuda muito ter a companhia dela. Sua vó chegou semana passada, mas não consegui passar muito tempo com ela, ainda na casa de outra parente nossa, um pouco longe daqui. Amanhã é feriado aqui, dia de Ação de Graças...


Dia de Ação de Graças é o dia em que famílias se reunem, comem comida típica (peru, cranberries, torta de abóbora...) e agradecem as coisas boas da vida. Eu acho um feriado ótimo que é um dos poucos que não exige presentes, só comida. O consumismo incentivado na maioria dos feriados me dá asco dessa cultura. Amanhã vamos eu, sua Tia Keila, sua vó, seu avô, a namorada do avô, tios, tias, primos...almoçar juntos e fingir que o mundo é lindo.


hehehee...

Ando terrivelmente irritada. Tá bem difícil carregar esse peso todo, queria que você tivesse mais perto de chegar. Parece que demora ainda, me frustrou bastante. Não quero ter que induzir o trabalho de parto, mas infelizmente falta muita coisa e já chegamos na última semana! Não quero cesária, se possível...mas não aguento passar muito mais tempo não filhinha. Vou passar o restinho dessa semana rezando, andando, comendo comida apimentada e torcendo pra você ter mudado de idéia até segunda. Aí lá vamos nós de novo ao hospital ver como estão as coisas.


Nada é fácil, nada vem de graça. Não penso que vai ser fácil ser mãe solteira. Tenho certeza que criar uma filha sozinha vai exigir absurdos. Mas eu sei que vai ser muito diferente do que passo agora. Vendo sua carinha dia após dia, ver você crescer, vai me dar toda força que preciso para superar esses obstáculos. Não me arrependo, não relaciono essas partes negativas da gravidez à você, mas à vida que resolveu testar minha força. Cientificamente se comprova, mãe sozinhas na gravidez tem sintomas mais sérios, dores mais intensas.

(parágrafo a deletar)

Tentei mil vezes (...)[deletado após algumas horas]

Agora acabou. Você é minha, é só isso que importa. Você está comigo e eu te amo mais do que tudo. Todo pai e toda mãe no mundo pode cometer erros, mas com certeza fazem sempre o melhor que podem.
[Conclusão após escrever um parágrafo enorme e acordar logo em seguida para deletá-lo: AMO VOCÊ, e se cheguei até esse ponto sozinha, consigo passar dela sozinha. Na essência, tenho companhias, amigos, tenho pai e mãe que te amam, mas acima de tudo tenha essa minha força diferente da maioria das mães. Tenho essa força sobre-humana adquirida ao longo desses meses em que passei as situações mais extremas. Considero-me pronta. Não perfeita, obviamente, mas pronta. Tchau, medinho! Pelo menos por hoje... não te quero, não te sinto, não te escuto.]

sábado, 21 de novembro de 2009

tenho paz


Meu amor basta. Meu amor basta. Meu amor basta.

Não há nada de ruim no mundo que possa atingir minha menina. Não há negatividade, inveja, ou ódio que possa atingi-la. Basta a proteção do meu amor. Não há má intenção, egoísmo, medo, raiva, covardia, hostilidade e nem indiferença que possam atingir essa criança.

Basta meu carinho. Basta minha proteção. Basta meu esforço. Basta minha coragem. Basta meu amor.


Não há pessoa mais importante pra ela no mundo que eu. Posso em alguns momentos decepcioná-la, mas ela saberá que SEMPRE farei o meu MELHOR. Ela é minha prioridade, minha garra, minha luz. Tenho toda inteligência, humildade, sensibilidade e amor para ser a mãe "suficientemente boa" (D. Winnicott) para ela crescer segura de si, sabendo que é amada e feliz. Ninguém muda isso. Ninguém pode me convencer de que tomei a decisão errada. Ninguém é capaz de me fazer sentir culpa.


Ninguém ama essa criança mais do que eu. Não é necessário que alguém no mundo a ame mais do que eu. Meu amor não tem limites e fará qualquer coisa para o bem estar dessa pequena.


No mundo há uma Força maior. Há controle de tudo que acontece com todas as pessoas, é a Força que garante a justiça divina. É a Força que faz com que nos responsabilizemos, de uma forma ou outra, sempre, pelos nossos atos. Muitas vezes não enxergamos além de nós mesmos, muitas vezes somos narcisistas e achamos que a nossa história, ética, moral e decisão deveria se aplicar aos outros. Mas o Divino se encarrega da justiça e das consciências. Nossa única responsabilidade com o mundo é de seguir aquilo que nosso coração nos diz. Se nossas atitudes nos "limpam" e nos trazem paz de espírito então essa é a certeza de que estamos fazendo aquilo que nos trará felicidade completa. Essa é a diferença que enxergo.


Muitas vezes não temos a maior "sorte" em tudo, nem sempre nossos planos são cumpridos. Se apesar de todos os fatores se opondo, sentimos paz no nosso objetivo maior, se sentimos lá no fundo a certeza de que estamos limpos, plenos e caminhando na direção certa...toda tristeza, oposição, dificuldade, decepção, barreira, arrependimento, briga, discussão, dívida, solidão, doença, rejeição...se torna menor e faz da nossa caminhada mais rica, do nosso objetivo mais doce, da nossa vitória mais saborosa e da felicidade obtida mais completa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

vem vem vem vem vem


Meus últimos 3 dias foram terríveis. Chorei tanto que a cabeça lateja. Dói piscar, dói respirar, dói dói dói...

Pedi muito pra você vir amanhã filha, duvido que você me ouça, parece estar muito bem e não muito disposta a deixar o conforto do seu hotel 5 estrelas. Pedi mesmo assim. Não quer vir amanhã tudo bem, pode ser segunda-feira. Até lá eu aguento.


Não vou falar sobre o que está me deixando triste, pois motivos, apesar de relevantes não convém. Vou falar sobre todas as razões de eu ser uma pessoa tão privilegiada.


-Primeiramente, você tem uma tia que está vindo do outro lado do mundo para me fazer companhia e ver você nascer. Ela chega domingo. E disseram que eu nunca poderia contar com amigos...Quer prova de amizade mais linda do que essa? Ela simplesmente está vindo, para uma cidade de caipira, sem nenhuma atração turística, só pelo fato de saber que estou tão sozinha e precisando de uma amiga por perto.


-Você ganhou um chá de fralda no Brasil, graças à minha família brasileira. Todos sabiam que eu estava sem grana pra dar festa sozinha e essas pessoas lindas me cederam casa e comida para fazermos seu chá de fralda e minha despedida antes de vir pra cá. Você ganhou uns 7 meses de fralda meu amor! Oh coisa boa!


-Você ganhou um chá de bebê aqui nos EUA e, brinco não, uns 600,00 dólares ou mais em roupinhas, acessórios, carrinho, brinquedos! Foram as mulheres da igreja do seu avô, que sem nem me conhecer direito, se juntaram pra fazer uma festinha bem linda, com direito à pizza, bolo decorado, joguinhos, bexiga, decoração, presentes lindos! Fora a namorada do seu avô que não pára de dar presente pra você! Imagine só! Seu avô e sua avó estavam bem despreparados para sua chegada, se dependesse só deles...hehehe, sua mãe tava perdida!


-Apesar de toda dificuldade para trabalhar nessa gravidez tenho conseguido pagar minhas contas, viver bem e comer bem todos esses meses. Pude cuidar da minha saúde como nunca cuidei na vida, isso foi um presente seu pra mim. Tivemos todo atendimento médico necessário do começo ao fim. Não houve nenhuma complicação séria. Boa saúde é daquelas dádivas que não têm preço!


-Já falei muito dos meus amigos, já comentei situações diversas em que recebi apoio e carinho. Mas insisto novamente, sou ABENÇOADA por ter tantas pessoas lindas, inteligentes, criativas, sensíveis, doces, amáveis e carinhosas me amando de GRAÇA! Graças à Deus existe internet e essas pessoas me lembram diariamente disso. Não sei o que seria de mim esses meses todos sem o apoio dessas pessoas, que além de se preocuparem comigo e com meu bem-estar, já amam você!


-e tenho você pequena! Só precisava da tua companhia mesmo. Tá difícil me destrair. Vai ficar mais fácil quando sua tia chegar. Mas preciso muitooooo ver você. Segunda você pode ter preguiça, mas vamos nos esforçar pra vir no máximo até sexta? Pode ser?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

welcome Lauryn Michelle



Tenho blogado bem menos né?


Passei essa semana um pouco sumida. Tenho dormido absurdos também claro. Essa fase final é terrível. Além da dificuldade de locomoção, tem sintoma novo. Sinto sensação de desmaio toda vez que faço esforço físico, às vezes até sentada. A cabeçinha sua já está encaixada, então ando e parece que sinto você descendo, e dói!!! As juntas continuam doendo, e já começaram as contrações. Parece que é uma cólica bem forte, aí depois que passa só tenho vontade de ficar deitada.


Minha tia comentou essa semana: "Poxa, mas tem mulher grávida que trabalha até o último minuto. Faz tudo normal."
Assim como já ouvi gente dizendo: "Você não pode tratar gravidez como doença!"


Bom, quando descobri que estava grávida meu pensamento foi que eu trabalharia normalmente, que nada me impediria de fazer o que fazia antes. Achei que o fato de ser nova, ativa, saudável e ter uma rotina tão agitada seria o fator determinante para eu simplesmente passar os 8 meses apenas na ansiedade! AI AI AI...



Acontece minha gente, que TODA gravidez é diferente, assim como a mesma mulher pode ter experiências completamente diferentes em cada gravidez. Lembro que tive uma professora de malabares, ela deu aula de suingue com fogo pra mim até uma semana antes da neném dela nascer. Meu caso não foi esse. No começo foi um tanto desesperador descobrir que eu não conseguiria manter minhas atividades. Sem muita ajuda então, mais medo ainda! Tinha aluguel pra pagar, tinha que comer bem todo dia (coisa que no passado não era tão importante), tinha que pagar a pós graduação, a conta do celular... MAS sempre tinha alguma indicação, algum bico, alguma viagem, algum show, alguma locução, alguma divulgação...algo que eu dava conta de fazer grávida.



No começo além da falta de força física e sonolência (cheguei a quase dormir no volante VÁRIAS vezes), percebi uma falta de memória a curto prazo, enjôos 24 horas, dores de cabeça, dor nas costas. Trabalhei no camarim da banda Denorex e a noite longa que antes só me fazia dormir umas horinhas a mais no domingo e geralmente levavam para alguma outra balada depois, de repente virou uma tarefa de perseverança. Lembro que carregava todo o figurino e adereços, que enchiam meu corsinha, como se não fosse nada! Mas, de uma hora pra outra, eu sentia sensação de desmaio, cochilava em pé no hall do prédio...Chegava a dar medo fazer as coisas sozinha, não podia mais confiar em mim, e nem desempenhar profissionalmente como antes! Desespero total! Não podia ligar para seu pai, mas graças à Deus tenho amigos maravilhosos que me deram apoio quando mais precisei.



Um sábado de madrugada depois do show, umas 5 da manhã, estava eu com as coisas do Denorex, ali no centro, quando senti uma fraqueza tão absurda, e uma sensação ruim, não conseguia me mexer, nem tirar as coisas do carro. Liguei para um amigo, um amigo DAQUELES, que pára e vai correndo fazer o que pode. Ele mandou eu ficar queita e esperar. Não fosse ele não sei o que tinha feito. Só sei que ele me ajudou a descarregar tudo e saindo do prédio entrando no carro, vem um doido de pedra abordar a gente. Entrei no carro e nem dei muita bola, mas vi meu amigo fechando a porta do carro e saindo de perto. Quando percebi que havia algo de errado o maluco já tinha deixado de dar atenção pro meu amigo e estava entrando no carro comigo pedindo dinheiro! Não tinha como sair, eu grávida, com o raciocínio todo lento...Meu amigo voltou e deu a mala que ele estava carregando pro cara (vai saber o que um louco drogado vai ser capaz de fazer) e nisso o cara saiu correndo. Pensaram já se eu tivesse sozinha?



Uma semana depois quando parei na frente da minha casa, vi um carro estranho estacionado atrás. Entrei correndo e sonhei a noite inteira que estava lutando com um ladrão. Acordo na manhã seguinte e lá estava meu carro, arrombado, com a porta torta toda bagunçada dentro. Graças à Deus não conseguiram roubar por causa da trava, mas quanto rolo em uma semana! Eu e você protegidas duas vezes!


Tem inúmeras situações recentes em que amigos me salvaram, das mais diversas formas. Muitas vezes apenas a presença de alguém, disposto a ouvir, já é reparador. Quantas vezes me desesperei com as pressões externas e precisei conversar, de repente, entrava no MSN e alguém aparecia perguntando como eu estava, e em alguns casos, em menos de meia hora a pessoa estava na frente da minha casa pra me levar na sorveteria! Que amor né?



A mulherada na igreja do seu avô fez um chá de fralda pra você ontem. Foi lindo de ver! Ganhamos tanta coisa, coisas que sem eles nem eu, nem sua vó, nem seu avô teriam dinheiro pra comprar. Isso me prova, pela milésima vez, que sua vida existe por um motivo muito especial, que nunca vai te faltar o que é necessário. Quando mais desesperamos ou desacreditamos na vida, sempre vem um sinal para provar que coisas boas vêm para quem merece. Consigo sim te dar tudo que você vai precisar. Talvez você não tenha luxo, ou milhões de brinquedos, mas vai ter TUDO que precisar.



Você ainda não parou de mexer, agora tá com um soluço absurdo. Me divirto demais com você, imagino quando eu conseguir te ver!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

mãe média, mãe nova...



...=mãe nova


!!!!=mãe média


(desculpem os errinhos de português!)



... says:
mas como foi tua historia com o cara?
!!!! says:
ai nega sei que comi o pao que o diabo amassou
... says:
mas vcs tavam juntos antes? de vc engravidar?
!!!! says:
a gnt era namoradinho apaixonado la e ca, me traia um monte
fodaaaaa
mas enfim passou um ano, eu cuidei dela sozinha
não, a gnt tava terminado, 2 anos depois
foi tipo um "remember de cu é rola"
hahahaahahahah
... says:
hahahahaha
!!!! says:
e ai qdo a minha filha tinha um ano, tava me reestruturando
... says:
mmm
!!!! says:
morando sozinha e tal
ai o filha da puta voltou e disse que me amavaaaaa
ahahahahah
... says:
poatzzz
n creio correr esse risco
mas ele registrou?

!!! says:
o que importa de fato é que vc sentiu que essa criança devia nascer né? ah sim registrou
... says:
hmmm
!!!! says:
se vc sentiu
entao minha nega é porque era
a vida faz isso
testa a gnt
... says:
é...bem dessa, eu senti msm n sendo "cara certo" ou a "relaçao perfeita" ...q por algum motiva ESSA criança tinha q vir
eu sabia q ia ficar sozinha
!!!! says:
eu me lembro perfeito do dia que decidi
eu sabia q ia ficar sozinha
a gnt tem uma sensação
... says:
pois é...

!!! says:
num sei explicar
... says:
eu tb n sei explicar o pq...talvez no fundo eu n queria alguém q fosse me encher o saco, sabe?
!!!! says:
mas sei que a vida leva a gnt pro lugar certo
deve ter visto um pouco de psicanalise durante o seu percurso
nosso amado lacan diz que é impossivel... (...tal tal tal...)
... says:
hahaha, eu estudei quase 3 anos de psicologia na pós...hhhee
ce tá certíssima
!!!! says:
pois é
... says:
mas n fico pensando nisso, inclusive to planejando tudo por mim. ele nem vai registrar
!!!! says:
presta atençao
... says:
sei q n acho legal mae que impede o cara de ver o filho só por mágoa
n acho q criança seja arma
se ele quiser ama-la e participar da vida dela vai...
o pai da sua ve?
!!!! says:
e eu que queria uma familinhaa aceitei...não sem mágoa
mas ele virou melhor pai do que eu mae
surpreendentemente
agora admito, mas nem sempre foi assim
... says:
que doido isso
tem cara ai q consegue olhar o filho e nao dar a minimaaa
!!!! says:
mas veio pela situação
... says:
mas vcs conseguem conviver legal agora? depois de tanto rolo?
!!!! says:
a gnt consegue se falar
mas aquela amizade incrivel
num ta rolando
precisamos de tempo
tempo tempo tempo tempo
... says:
e ele participa bastante da vida dela?
sim, tempo resolve tudo

!!!! says:
participa
ótimo pai
mesmo
... says:
nossa, isso é mto bom
passou mta agua debaixa dessa ponte já né nega

!!!! says:
pq é muito imprevisivel...ah sim
a gnt num sabe nadaaaaaa
e eu garanto valeu
eu me sinto feliz
... says:
é. literalmente QQ coisa pode acontecer

!!!! says:
e vc num pode planeja nada agora
... says:
fico pensando o que eu vou fazer se ela nascer a cara dele,
ou com o jeito dele...PQP!!!!
!!!! says:
deixa rolar
... says:
minha mae foi casada com meu pai 19 anos, mas vivia falando mal dele...
ai eu sou mta parecida com meu, personalidade
!!!! says:
hahahahahahahaha
... says:
ai minha briga comigo e diz q sou igual meu pai
n qro nunca fazer isso...
!!!! says:
puta merda
... says:
hhehehehe
ah, deus queira q seja uma euzinha

!!!! says:
vai ser dificil e tb deliciosoooooo como a vida é
eu garanto
misturinha
vai ser bem linda esa muleka
eu acho
uma mae nova e uma média
ahhh
haahahahahh
... says:
hahahahahaha
bem dessaaaaaaaaaaa
novíssima

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"historinha de amor"


Tenho uma amiga que diz que sou romântica. Muitas vezes, sinto que ajo como se não fosse, talvez numa tentativa fustrada de me convencer de que não sou. Entendeu?


O que me deu vontade de escrever hoje não trata diretamente da minha filha ou da maternidade, mas é algo que tenho vontade de contar pra mim mesma.


Há quase 4 anos, estava eu numa daquelas relações "vai-não-vai-mas-sabe-se-lá", mas algo que aconteceu no meio daquela indecisão me marcou muito. Me considero um tanto cínica com relações amorosas e expectativas românticas. Não existe relação sem dificuldade, ou obstáculo, e quanto mais realistas formos, mais possível é encontrar alguém com quem possamos ser felizes, certo?


Um dia, durante o festival de teatro de Curitiba em 2006 fui assistir uma peça no Guairão, acompanhada de alguns amigos. Quem conhece Curitiba sabe que o Guairão é um teatrão, tem uns 2.000 lugares e estava eu nas últimas fileiras da platéia quando fitei uma conhecida, acompanhada de uma desconhecido lá longe perto do palco.

Comentei com uma amiga do lado: "Nossa, com quem está a fulana ali?"

"Ah, acho que é de fora..."


Sei que não consegui tirar a imagem daquela pessoa da cabeça. Mesmo de tão longe, conseguindo identificar tão poucas características, algo me impressionou e nem entendi por quê. Quando acabou a peça fiquei tentando acompanhar a pessoa com os olhos mas a multidão impediu.


Dias depois aconteceu a tradicional "Festa do Café do Teatro" e quem faz teatro em Curitiba sabe da loucura. Achei o sujeito e vi que tínhamos alguns amigos em comum ali. Como qualquer mulher que quer chamar atenção apelei para as brincaderinhas, comentáriozinhos, risadinhas, etc. Nada do sujeito corresponder, falou comigo até...mas nada de interesse mútuo. Acabando a festa, estava ele sozinho, levemente embriagado, quase pegando um táxi para o lugar onde estava hospedado.


Kaley cheia de segundas intenções: "Poxa, tô de carro aí, moro pro mesmo lado, você não quer uma carona?"

"Não imagina, tô tranquilo, vou pegar um táxi mesmo."


Indisposta a agarrar o sujeito, me considerei derrotada e fui pra casa impressionada com minha falta de eficiência. Alguns dias depois, ainda rolando a muvuca do festival, encontrei uns amigos bebendo ali no Sal Grosso (point de boêmios) e milagrosamente lá estava o tal! Não só lembrou de mim, como me cumprimentou com um abraço e foi simpaticíssimo. Olha, quem sabe não fui tão ineficiente assim!


Conversa vai e vem, ficou uma galera reunida e a gente não se desgrudava. Logo, começou ELE a jogar indireta. Aí já não tinha mais jeito...Não tinha como não ficar apaixonada por aquele ser. Pequeno detalhe: faltavam 4 horas para ele pegar um ônibus e voltar para a cidade onde morava, à apenas 1.718km de Curitiba.


"Deixa queito" pensei. O probelma era fazer isso na prática. Ficamos uns 3 meses nos falando TODO DIA por telefone. Horas de conversa e o assunto não acabava. Consequentemente, a minha relação "vai-não-vai-mas-sabe-se-lá" acabou tomando um rumo, resolvemos "casar" e falei com o tal à 1.718km de distância que não tinha mais porque conversarmos. Arrasada, mas a decisão precisou ser tomada. Por que iria trocar o incerto à 1.718km por alguém que estava do meu lado?


Passou um ano e a concretizada "vai-não-vai-mas-sabe-se-lá" acabou de forma definitiva. Coincidentalmente, o meu platônico à 1.718km de distância estava de viagem marcada para Curitba novamente em poucos meses. Lembro que passaram mil idéias pela cabeça. Tinha passado 4 horas com a pessoa ao vivo, será que 3 meses de conversa por telefone e emails contavam? Será que a mesma sensação de antes existiria ainda um ano depois?


Ele passou 7 dias em Curitiba. Acabei trabalhando com ele e foram 7 dias sem desgrudar. Trabalhamos o dia todo, a noite curtimos festas, amigos, peças. Somos bem sociáveis nós dois, e algumas amigas me disseram que ele parecia Kaley em versão masculina. Algumas vezes lembro que voltava para meu quartinho no pensionato trash que morava no Largo da Ordem e o coração doía que parecia que estava longe dele há anos. Dormia num colchão de espuma amassada, fina, de uns 60cm de largura e um dia foi tão absurdamente difícil nos separarmos que ele foi pra lá dormir comigo!


Mas o que são 7 dias? Passou voando. Demorado foi o luto da separação. Tudo me lembrava dele. Não tinha mais o acesso ao telefone ou à internet como tinha antes e nosso contato ficou limitado. Qualquer bar, teatro, rua, esquina, restaurante...qualquer lugar por onde eu tivesse passado com ele virou memorial. Passei um mês anestesiada do resto do mundo.


Com tempo a saudade dolorida e sofrida sara um pouco e dá lugar aquela saudade permanente com a qual vivemos, felizes, mas sempre com um vaziozinho. Ele não voltou mais à Curitiba. Quase voltou, mas não conseguiu.


Qual a moral da história? Alguém já leu 'Brida' de Paulo Coelho? Não li nenhum outro livro dele, não é bem o meu gosto...mas BRIDA conta uma história de amor que parece explicar o que aconteceu comigo. Não acredito no blá blá blá alquimista, mas vejam:


"Fazemos parte daquilo a que os alquimistas chamam (...) a Alma do Mundo - disse Wicca, sem responder a Brida. - Na verdade, se a Anima Mundi se dividisse apenas, ela estaria a crescer, mas também a ficar cada vez mais fraca. Por isso, assim como nos dividimos, também nos reencontramos. E este reencontro chama-se Amor. Porque quando uma alma se divide, ela divide-se sempre numa parte masculina e numa parte feminina. (...) Os seres humanos estão todos interligados (...). Em cada vida temos a misteriosa obrigação de reencontrar, pelo menos, uma dessas Outras Partes. O Amor Maior, que as separou, fica contente com o Amor que volta a uni-las.

- E como posso saber quem é a minha Outra Parte? (...)

-Era possível conhecer a Outra Parte pelo brilho dos olhos - assim, desde o ínicio dos tempos, as pessoas reconheciam o seu verdadeiro amor. (...)

- Correndo riscos - disse a Brida. - Correndo o risco do fracasso, das desilusões, mas nunca deixando de procurar o Amor. Quem não desistir da procura, vencerá. (...)

- Podemos encontrar mais de uma Outra Parte em cada vida?

-"Sim", pensou Wicca, com uma certa amargura. E quando isso acontece o coração fica dividido e o resultado é dor e sofrimento. (...)A essência da Criação é uma só - disse. - A essa essência chama-se Amor. O Amor é a força que nos une de volta, parta condensar a experiência espalhada em muitas vidas, em muitos lugares do mundo. (...)...somos responsáveis por reunir, pelo menos uma vez em cada encarnação, a Outra Parte que com certeza irá cruzar-se no nosso caminho. Mesmo que seja, apenas, por instantes; porque esses instantes trazem um Amor tão intenso que justifica o resto dos nossos dias."


Digo que minha curta, e talvez alguns julguem ingênua, experiência foi tão intensa, que afirmo ter visto o tal brilho. Pode ser que eu não encontre mais essa pessoa, pode ser que a encontre mais não fique com ela... A verdade é que essa experiência me faz ter fé na capacidade humana de amar. Esse ser me fez acreditar numa felicidade terrena que não julguei possível, pois os poucos dias que deram fruto à essa relação nada convencional que dura há quase 4 anos preenche um vazio inexplicável. Guardo essa pessoa tão perto de mim, apesar de toda distância, e independente do que acontecer terá sempre um lugar especial.


Agora, tenho uma filha! O que mais posso querer nessa vida!? Sou 100%, acreditem.

sábado, 7 de novembro de 2009


Falta pouco, MUITO pouco. À partir de semana que vem pode ser qualquer dia! Ainda faltam algumas coisinhas. O pessoal da igreja do seu avô vai dar um chá pra gente e pele jeito já providenciaram todos os detalhezinhos que faltam. Você já ganhou cada roupinha!


A cada dia que passa tenho mais certeza que cada sacrifício está valendo a pena e que minha vida realmente era muito vazia antes de você existir. Cuidar só de mim não tinha graça nenhuma.


Essa semana, poucas horas antes daquela louca comentar o blog, estava eu na sessão de terapia tentando lidar com raiva. Não era raiva de pessoas específicas, mas raiva de situações que têm se repetido e o que julgo como uma falta de sensibilidade com uma condição e tarefa que deve ser respeitada. Tenho raiva dessas diferenças culturais, raiva de atitudes preconceituosas, raiva de alienação, raiva de gente desocupada, raiva de fofoca...e por aí foi se acumulando.


Chegei na sessão com minha raiva num nível, de 0-10, de 8. Minha terapeuta trabalha com uma técnica chamada EMDR. Foi a primeira sessão em que pude experimentar. Não quis fazer simples terapia, ou uma pscianálise repetitiva pra ficar num blá blá blá e não descobrir nada de novo. Como estudei psiclogia corporal as experiências também têm qualidade didática.


A terapeuta pediu para eu encontrar um lugar tranquilo, onde me sentisse bem, para começar. Mentalizo imagens, cheiros, sensações. Escolhi a praia da Ferrugem em Garopaba, SC. Lugar onde passei uns dias no reveillon de 2006, tenho lembranças ótimas e a praia é uma coisa absurda de gostosa, limpa, sem calçadões, gente bonita e balada boa. Enquanto me imagino lá, sentindo o vento da praia, vendo o sol nascer e me preparando para dar aquele mergulho, o movimento dos meus olhos é controlado pela terapeuta. Quando começei a visualização me imaginei como estava há quase 4 anos atrás, mas você fez tanto agito dentro de mim no exato momento que tive que me imaginar barriguda de 8 meses com você chutando sem parar dentro de mim pra conseguir me concentrar.


(Se alguém se interessar mais: http://www.emdr.com/briefdes.htm )


Bom, lá estou, mergulhando, boiando naquele mar azulzinho, limpinho, quentinho, curtindo o sol que acabou de nascer quando noto um restaurante/bar na beira da praia e uma festa rolando. Saio do mar e vou em direção ao barzinho. Chegando na metade da praia, já começo a enxergar os rostos. Enxergo uma pessoa conhecida e outras duas que não conheço pessoalmente mas estão relacionadas à mim de alguma forma. Decido que não tenho vontade nenhuma de vê-las, falar com elas, me relacionar com elas. Volto ao mar e me lembro de uma cena dos últimos meses. Uma pessoa conhecida me falando sobre o filho dela: "Aquele menino tem sido a luz da minha vida".
Aí está você, comigo na praia, agitando e chutando sem parar. Me sinto completa com você dentro de mim. Me sinto plena e feliz, pois agora tenho minha luz. Não me preocupo com pessoas querendo me complicar, me desejando mal. Não quero nem saber se não tenho ajuda, se não tenho carinho de família ou amigos. Me sinto independente de toda e qualquer energia negativa e minha raiva dissolve. Não digo que tenha acabado, mas definitivamente dissolve.
Saí da sessão me sentindo muito melhor. Antes já estava muito feliz com as minhas escolhas, sei que essas chaticezinhas culturais e familiares são apenas detalhes. Assim que você chegar, vai iluminar todo lugar por onde passar, vai me dar toda força que preciso, vai canalizar todo meu potencial.
Acho que tenho tudo para ser uma ótima mamãe. Claro que vou errar, humana. Mas que vou poder te oferecer muita coisa, vou. Vamos viajar juntas, você vai aprender outras línguas, outras culturas. Vai ter muita oportunidade pra descobrir o que te faz feliz, descobrir suas habilidades, vai conhecer pessoas inteligentes, desenvolver sua criatividade, entender o mundo dum ponto de vista privilegiado. Vou te amar incondicionalmente e juro que, se você se tornar advogada ou contadora ou professora de matemática ou qualquer outra coisa que eu não entenda vou te apoiar do mesmo jeito.
Tenho que agradecer você diariamente por me iluminar. Te amo com um amor do tamanho do universo!


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ANÔNIMO DISSE...


Vamos lá...

depois do choque inicial, devo confessar que estou lisonjeada com minha leitora anônima. Me choquei pois é engraçado como alguém pode achar que sabe tanto da vida de alguém que não conhece. Me divirto porque tenho certeza que sei quem é e me admiro a disposição para escrever. Ela foi bem explícita com seus temores, inveja, raiva e insegurança.


Estou disposta à fugir da temática inicial. Esse assunto não tem nada com minha filha, mas com certeza irá divertir os meus leitores e acho entretenimento validíssimo!


Anônimo disse...
Você não pode esquecer que "seu doador de esperma" não foi um doador voluntario,foi mais para OTARIO (o sujeito está longe de ser otário, ele é inteligente, inclusive), você deu o golpe FALIDO E MAL SUCEDIDO da barriga no coitado (ele também não é coitado e que eu saiba, golpe da barriga as mulheres dão em pessoas bem ricas, ou talvez muito famosas para poderem se promover com processos milionários e garantirem a vida sua e de seus filhos), ele sempre deixou CLARO para você que não queria a gravidez, você decidiu assumir SOZINHA e é assim que vai ser por toda a sua vida (esse foi o momento mais inteligente da nossa anônima, talvez ela realmente tenha lido algum post anterior), lembre-se que quando chegar no Brasil você pode fazer a vingança que quiser mais ("mas" seria a palavra certa, mais= advérbio de intensidade na língua portuguesa) ele você NUNCA terá (se você está apaixonada por ele, garanto que não é pra mim que vai perdê-lo, mas firme aí na luta, tenha fé! Quanto à vingança, isso não está nos meus planos até porque não existe no contexto da situação) . Pare de reclamar e assuma as suas responsabilidades e começe a pensar em como vai sustentar sua filha, porque ficar morando de favor na casa dos outros (Você sabe que morei com pessoas amigas, pesquisou certinho. Só errou porque nunca deixei de pagar um mês de aluguel na vida, saí do Brasil com minha educação paga e até a conta do celular em dia), depender de algum amigo para cuidar do bebê para você FAZER SEXO com seus "amigos" (gente, vocês estão rindo tanto quanto eu agora?!) ou trabalhar é tão falido quanto o pai que escolheu para ela (MAIS uma vez, tenho minhas diferenças com o sujeito, mas ele não é um ser "falido"). Pense em como vai fazer para dar uma boa casa (sua, não dos outros) (casa nossa é onde pagamos aluguel, certo? duvido um pouco que você entenda o significado disso), alimento e educação tudo aquilo que mães de verdade dão para seus herdeiros. PENSE SE O BRASIL REALMENTE É A SAIDA PARA SUA VIDA, SE NÃO É MELHOR VOCÊ FICAR NO SEU PAIS (PAÍS ela quer dizer) E COM SUA FAMILIA QUE SÃO AS UNICAS - UNICOS QUE TEM OBRIGAÇÃO DE TE AJUDAR MESMO SENDO DO JEITO QUE É FOI A QUE SUA MÃE ESCOLHEU PARA VOCÊ. (Sinto muito em dizer que você não me convenceu a ficar nos EUA. Devia ter usado algum motivo melhor do que sua simples insegurança. Como eu sobrevivo bem sozinha há vários anos, continuarei. É IMPORTANTE PENSAR que nem as nossas famílias tem OBRIGAÇÃO de ajudar a gente. Vida de adulto é assim, você pode ter apoio ou não. É muito mais gostoso caminhar com as próprias pernas do que contar com a ajuda de "família". Considerando que nem meu pai ou minha mãe são pessoas ricas, muito pelo contrário, endividadas, viver dependendo deles nem é opção, muito menos vontade.)



Bom, querida anônima, quero lhe agradecer antes de tudo pelo entretenimento que nos proporcionou às custas da sua burrice, ignorância e disposição à se expor ao ridículo. Gostaria que você se identificasse, mas considerando essas "qualidades" que acabei de enumerar isso é impossível (a não ser que você queira me provar ao contrário!).


Gente, a parte sobre o "golpe da barriga" é de rolar de rir! E quando ela diz veemente que "ele você NUNCA terá" chego a soluçar de tanto gargalhar! Se ter "alguém" fosse tão importante eu teria abortado com certeza...aliás, princípio de ser mãe solteira é saber ficar sozinha. Ou aquela parte da "pare de reclamar e assuma suas responsabilidades"!? Será que ela se julga um ser inteligente falando tanta merda?


Talvez, duma próxima vez, ela opte por utilizar duma ortografia mais correta, acentos, pontuações e concordância para facilitar nossa leitura. Ela deve usar muito MSN e perdeu costume, ou talvez ela não tenha aprendido a escrever direito, não devemos julgar. Agora, digam se alguém tão idiota não faz você refletir sobre inveja? Isso é um ótimo exemplo para lembrarmos que quanto mais fortes, dignos, inteligentes e admiráveis ficamos, mais inveja e energia negativa despertamos. Continuo impressionada que ela tenha se dado esse trabalho de escrever um comentário tão grande, ao invés de simplesmente ter batido a cabeça contra a parede para surtir o mesmo efeito em menos tempo.


Não esqueçam do sal grosso aí pessoal! Sei que tô longe de ser a única que já "escutou" besteiras assim.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sem criatividade, resolvi colar meus "tweets" (sigam-me se acharem interessante ouvir as loucuras da grávida). Desculpem a demora pra atualizar. Semana punk rock, depois conto detalhes.

-quase desabrigada. levando "facadas" da família. aguentando caipiras alienados. procurando lugar p morar grávida de 8 meses.
-creio que terei a filha mais especial do mundo, pois os últimos 8 meses da minha vida foram os mais sofridos e difíceis até agora.
-com certeza vem mta dificuldade pela frente. mas pelo menos terei uma pessoinha linda p dar força e me incentivar. sozinha tá foda p kct.

(aí nesse meio tempo me lembrei...

"Se eu quiser fumar eu fumo
Se eu quiser beber eu bebo
Eu pago tudo o que eu consumo
Com suor de meu emprego
Confusão eu não arrumo
Mas também não peço arrêgo
Eu um dia me aprumo
Eu tenho fé no meu apego
Eu só posso ter chamego
Com quem me faz cafuné
Como o vampiro e o morcego
É o homem e a mulher
O meu linguajar é nato
Eu não estou falando grego
Tenho amores e amigos de fato
Nos lugares onde eu chego
Eu estou descontraído
Não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado
Prá falar da vida alheia
Mas digo sinceramente
Na vida a coisa mais feia
É gente que vive chorando
De barriga cheia... " http://www.youtube.com/watch?v=6hXbgTFpBbk )

-mas eu tô de barriga cheia então não choro nããããooooooo!!!
(aí passou um tempo...)
-criança na barriga batendo o pé num ritmo constante. azia, dor, enjôo, insônia e sensibilidade excessiva fazem sentido.
-mas aí é q tá. o BOM é o resultado. PROCESSO, só valorizo na arte ou na vida pós-uterina.
gravidez só é bom se vc pode descontar raiva e frustração no contribuinte de esperma, o único outro culpado no mundo do sofrimento, fora vc
-usei um monitor cardíaco esse mes p monitorar as taquicardias provocadas APENAS pelo meu contribuinte. Meu pai n acha saudável...

Fica registrado, que me arrependi (a Kaley boazinha)de tanta agressividade gratuíta com a tal pessoa. Saibam também que a tal pessoa remói minha explosão até hoje, pelo jeito não aceitou milhões de pedidos sinceros de desculpas.

Por hoje é só. Parece que meu próximo post terá que ser em inglês. "Alguém" da minha família se sentiu esperto jogando posts naquele tradutor ridículo do google e espalhando minha "maldade" para o resto da família. Parece que terei que esclarecer os pequenos "mal-entendidos" né genteeee!
Antes de me despedir hoje fica registrado também que não cito nomes. Quem sabe, ou ACHA que sabe de quem falo quero mais é que vá catar coquinho e faça cocada...hummmm. Isso mesmo, uma cocada, ai delíciaaaa.
FALTAM 4 SEMANAS!!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

loucuras da sua mãe


Bebêzinha linda da minha vida...
Semana passada sua mãe fez o que muitos americanos achariam "loucura"...fazer a mesma coisa no Brasil já não tem a mesma conotação, engraçado isso né?

Quando vi a divulgação dum show grande aqui em Columbus fiquei empolgadíssima. No Brasil, sua mãe costumava frequentar shows ótimos, já que suas tias levam sempre artistas maravilhosos para Curitiba. Além disso, Curitiba recebe shows de grande porte regularmente...e sua mãe não recusa a oportunidade, já viu de Chico Buarque à Ivete Sangalo.

Agora hip hop é tããão americano, pensei que nada seria mais adequado para satisfazer minha sede de música e também poderia aproveitar para ver o que não veria no Brasil. Impressionante como americano pode ser o mais caipira, racista ou provinciano, que todo mundo adora e idolatra os MCs. Não tendo amigos aqui, nem famílila para me acompanhar na noite, resolvi que não deixaria de ir só por não ter "companhia". Comprei meu ingresso e fomos!

Começando, o estádio onde foi o show tem capacidade para 21.500 pessoas. Não estava lotado, mas estava beirando isso. Com certeza foi a maior produção que já vi, e depois das minhas experiências já fico imaginando a ficha de produção, o custo daquele equipamento todo, cachê dos técnicos, banda de abertura...

Agora, americanos são pessoas que sempre seguem as regras. Como cheguei cedo, vi que tinha lugar sobrando com uma visão melhor do palco, obviamente sentei bem contente. Os únicos que seguiram meu exemplo foram uns irmãos mexicanos, um deles devia ter uns 18 anos e o outro uns 12. Os outros cidadãos preocupadíssimos com o número de suas poltronas preenchiam os outros níveis de forma irregular, independente da visão do palco.

Show de americano, observei que por mais legal que fosse a banda, por mais que bebessem álcool, ninguém saía de sua poltrona. Ninguém ficava fora do lugar. Só faziam barulho quando provocados pelo artista, pareciam soldados em formação. Creio que prefiro aquela loucura da Pedreira Paulo Leminski, pessoas se batendo, se esfregando, o sapato sujo de lama, gritaria, lugar pra sentar só na grama...Filha, sua mãe não se encaixa aqui mesmo!

Você é a melhor companhia viu? Ficou numa tranquilidade ouvindo o som, a galera gritando...você só mexia nos intervalos tipo "Cadê o agito?". Quanto mais agitado e alto o som mais tranquila você fica. Às vezes você ouve música e bate o pézinho no tempo, acho um barato! Tem horas que você parece criar um ritmo e mexe a mãozinha marcando. Vou admitir, até deu uma tristezinha saindo de lá, no brasil eu teria feito uns 50 amigos até o final do show mas claro, nesse país ninguém fala com estranhos. Mas ter a sua companhia é a melhor coisa, o jeito que você responde quando eu falo, como se vira toda. Olha, apesar de toda dor que esse "pesinho"causa, sei que vou sentir falta de você agitando aqui dentro. Você é absurdamente consciente daquilo que acontece ao seu redor. Sei que quando você chegar vai me doer o coração toda vez que eu tiver que ficar longe de você, pelo menos essa dor não tenho que sentir agora. Fora a facilidade do transporte!

No hospital perguntaram se você fazia ao menos 10 movimentos por dia, o que é considerado normal e saudável. Você, coisinha linda, está mais para 10 movimentos a cada 10 minutos! Considerando sua rotina ativa e horários nada comuns, creio que vou ter bastante trabalho, mas que pessoa interessante que você está se tornando!
Hoje vamos fazer exame, ver se você está crescendo certinho. Vou ouvir seu coraçãozinho forte batendo. Ai que coisa gostosa! Bem que minha amigas dizem: DISSO vou sentir falta. Obrigada por ser essa luz na minha vida. Obrigada por me tornar uma pessoa melhor. Desculpa as piras de grávida da sua mãe, hormônio, choque cultural e família alienada é de tirar qualquer ser humano do sério. Com certeza até você aprender a ler vou ter editado várias coisinha, OU se eu publicar um livro, que nem diz a Lee...Você tem noção o quanto é amada sem nem ter chego ao mundo ainda????

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

dupla cidadã!


Dormi essa madrugada! Da 1 da manhã até as 4! Não sei o que deu em você pra me deixar dormir assim.

A verdade é que só blogo de madrugada. Ainda tô com sono. Minha musculatura dói, costas, barriga, pernas, pescoço. Não vou desenvolver nada hoje...mas vou contar uma boa notícia.


Liguei no consulado brasileiro. Esse tempo todo, esquentei a cabeça preocupada com seus registros, como ia fazer pra tirar seu visto, como seria o processo no Brasil de docs e tudo mais.

Descobri filhinha linda e gostosa minha...que BASTA eu, sua mãezinha ser residente permanente no Brasil e ter te trazido pra cá para você ter sua dupla cidadania! Coisa boaaaaaaaa!!!

Brasil é mesmo um país maravilhoso. Imagina, seu pai podia ser o...papa, que basta o fato da sua mãezinha americana morar no Brasil pra você ter todos os benefícios e direitos de quem nasceu lá. Você já vai viajar comigo com seus dois passaportezinhos, OLHA QUE COISINHA MAIS FOFA!

Legal também é o fato de que, tendo uma filha brasileira, tenho vários direitos e segurança que não tinha antes.


Me sinto poderosa! Fazendo tudo sozinha, partenogénese! Minha dupla-cidadã!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

quero paz e arroz...


Por que essa vontade de chorar? Por que tanto desespero? Essas dores não são só por eu carregar essa barriga enorme, por ter engordado feito uma porca. Essas dores têm outra origem.


Tyra Banks é uma top model aposentada que tem seu próprio Talk-show que vai ao ar diariamente aqui nos EUA. Ela parece escolher temas pensando em mim: racismo, relacionamento, maternidade, moda, beleza, auto-estima...Hoje reprisou um programa em que ela fala da violência de mulheres contra homens. Mulheres batem violentamente nos seus maridos ou namorados e os fatos raramente são divulgados, mas é extremamente comum. 1 em cada 4 homens nos EUA sofre de abuso físico, mas são raros os casos denunciados. Não conheço nenhum homem sofrendo abuso, mas acho interessante citar que não é uma questão exclusivamente feminina. Me fez lembrar...


Nunca bati em homem algum, talvez gostaria de ter batido. Talvez não, com certeza. Nunca tive coragem, obviamente, nem de bater em mulher. Nunca precisei brigar, nunca fui fisicamente agredida... a não ser de namorado. Meus pais são pessoas que apesar de terem me disciplinado, apanhei um tanto de cinta já, mas nunca foram violentos ou me bateram com raiva. Sempre me incentivaram à auto expressão saudável. Não tem nada de errado em socar um travesseiro, dar uns pulinhos de raiva...mas não tenho contato com formas violentas de expressão: o bater de uma porta, o socar uma parede, quebrar objetos, etc.


Algumas pessoas com quem me relacionei tinham reações desse tipo. Por exemplo, esqueceram a chave e ao invés de esperar 10 minutos para outra pessoa chegar, a pessoa preferiu socar a janela de vidro até quebrar, xingando, berrando e se ensaguentando todo. Levei um empurrão uma vez no meio de uma briga, outra vez fui agredida numa cena de ciúme. Um sujeito me esperava onde meu carro estava estacionado. Com minhas coisas em sacos plásticos, ele berrava e jogava os sacos na rua com uma cara que nunca vou esquecer. Me xingou de vários nomes (outro fator que acho inadmissível) até que o mandei pra aquele lugar. Ele veio pra cima de mim com as mãos abertas, como se fosse pra me agarrar pelo pescoço, dei as costas pra sair quando ele me agarrou pelo umbro e me chutou no meio das costas. Além da dor física de levar um chute de alguém que é o dobro do seu tamanho, dói muito mais sentir essa dor de alguém que a gente gosta.


Foi bem difícil terminar com ele. Passaram umas três semanas de discussões e debates até eu conseguir terminar o namoro. Gostava tanto dele, mas ele se irritava e me dava um medo terrível. Outro fator, extremamente comum, é ouvir que NÓS é que fomos culpados pela agressão e que, de alguma forma deturpada, nossos atos nos fizeram merecer. Quando vi que ele não pretendia assumir a culpa, nem buscar ajuda psicológica, finalmente consegui fazer o necessário.


Parece que toda vez que ouço uma porta bater, algum objeto jogado com violência ou alguém xingando com aquela cara e aquela voz de raiva, me levanta uma banderinha de alerta e tenho vontade de sair correndo chorando desesperada.


Deus queira que eu possa sempra ter um lugar tranquilo, pacífico e saudável para criar minha filha. Tenho certeza que com um pouco de esforço posso proporcionar essa paz, além do arroz é claro. O amor sei que já já chega...

domingo, 25 de outubro de 2009

substitui um parágrafo por uma foto...

Ser Mãe é assumir de Deus o dom da criação, da doação e do amor incondicional. Ser mãe é encarnar a divindade na Terra. -Barbosa Filho

Filha, acabei de deletar o primeiro parágrafo. Tem coisas que me fazem bem escrever, depois volto, releio e deleto... Quando você tiver idade para ler essas cartas já vai saber tudo mesmo...

Lembro como se fosse ontem do dia exato em que eu reclamava dos meus sintomas de TPM quando alguém sugeriu: "Será que você não tá grávida Kaley?"

Achei impossível, não fazia sentido, pensei: "Que neura! Vou fazer um exame, só pra sossegar..."

Fui comprar o exame de farmácia na mesma manhã, crente de que estava fazendo por desencargo de consciência. Acho que a faixinha ficou azul...será??? Nãããão...esses testezinhos dão errado sempre. Sabia que enquanto não fizesse o exame de sangue não podia tirar conclusões. Achei um laboratório no centro, perto da onde trabalhava, juntei as moedas das gavetas do escritório e fui literalmente correndo, tinha 10 minutos para chegar lá e tirar o sangue para conseguir o resultado no mesmo dia.

Passei a tarde agonizando, mas ainda acreditando que podia ser um erro daquela faixinha azul, que eu podia estar daltônica, que podia ter um defeito de fabricação no teste e quer seria apenas um grande susto.

17:00 horas em ponto, lá estava eu no laboratório, exame em mãos perguntei à recepcionista: "Não é possível que tenha um erro de cálculo, não?"...acho que as pessoas sempre perguntam isso...


Depois do dia 3 de abril minha vida nunca mais foi a mesma. Nunca mais consegui agir, falar e nem pensar da mesma forma. Tive muito medo de não dar conta, de estar me iludindo quanto à minha capacidade de fazer isso sozinha. A verdade é que quando passou a idéia de abortar pela minha cabeça, algo em mim simplesmente não permitia por saber que não estaria fazendo por mim e sim por OUTRA pessoa. Algo em mim me dizia que eu dava conta SIM, que o mundo iria conspirar para que você viesse bem e feliz. Alguma vozinha lá dentro dizia que se eu te entregasse para adoção estaria traindo a mim mesma. Não podemos permitir opiniões alheias mudarem a nossa percepção sobre nós mesmos. Por mais que eu me sentisse só ou realmente estivesse fisicamente só, acreditava em mudança. Sabia que uma vez conformados, que eu teria apoio e ajuda dos meus pais. Sabia o quanto isso traria alegria para eles, sentia que talvez fosse exatamente essa criança que crescia em mim a responsável por reparar as minhas relações perdidas. Sabia que os sacrifícios da maternidade eram sacrifícios que estava disposta a fazer, que de alguma forma você completaria o vazio em minha vida e que aquilo que almejava para o meu futuro seria plenamente cumprido com sua presença. Sabia que era VOCÊ, e não outra criança qualquer, fruto de alguma situação mais "padrão" ou como alguém descreveria como "ideal".

Bom, a prova de você está fazendo exatamente isso filha, sem nem ter nascido, é ter me trazido para os EUA exatamente nesse ano de 2009. Estou aqui para poder descansar, não me preocupar com contas, dormir 12 horas por dia e te dar sua cidadania. Tenho a oportunidade de conhecer meu pai novamente, ter uma relação madura com ele, curtir sua companhia como nunca curti, acompanhar a fase linda que ele passa tendo encontrado alguém para acompanhá-lo. Você me deu a oportunidade de presenciar a evolução da relação dele com a Eliane. Ela, além disso, está sendo uma peça importante na quebra-cabeça que estamos montando agora com a sua chegada. A amizade dela está sendo um presente enorme. Sem você nem a conheceria!

Creio que a relação com a minha mãe há de mudar também. Por vezes me senti sufocada com minha mãe, numa responsabilidade pesadíssima de cuidá-la. No começo, ela não reagiu tão bem à sua chegada e agora já mudou um tanto de perspectiva (óbvio). Ontem ela me disse que vai viajar comigo de volta ao brasil, que vai trabalhar lá por um tempo e não porque ela acha que não dou conta, mas porque ela quer ficar perto de VOCÊ. Foi a primeira vez que ela disse isso, me deixou bem contente...


Você é a responsável por eu finalmente acreditar na minha própria força. Você é responsável por eu estruturar a minha vida, pensar no amanhã e canalizar minhas habilidades profissionais e capacidades intelectuais para definitivamente ser "alguém" na vida. Chegou meu momento. Chegou a hora da sua estréia no mundo e a minha na maternidade. Quer dizer, ainda faltam 5 semanas...

sábado, 24 de outubro de 2009


Paciência, perdão, respeito, coragem...Chega de virtudes, algodão doce, passarinhos cantando e blá blá blá...

Li um artigo interessantíssimo "Como ter um blog de sucesso, ou, como fazer inimigo na internet com um simples post" (http://www.euemeuegogrande.com/?p=585). Não sinto desespero a ponto de adotar todas as dicas citadas, mas uma me chamou atenção: Bajule quem pode te ler e fale mal de quem nunca ficará sabendo. Até digo que tenho coragem de falar mal de quem possa ficar, mas hoje particularmente estou passada com alguém que certamente nao ficará sabendo do que vou escrever.


Meu pai mora aqui nos EUA com meu tio, um dos irmãos mais novos. Como já escrevi, a família do meu pai tem esse lance dos irmãos serem super dependentes, se ajudarem, se apoiarem, terem ciúme e criticarem qualquer pessoa que o outro se relacione. Meu pai e meu tio se ajudaram muito nesses últimos 5 anos de convivência, e acho muito bonito. Verdade seja dita, meu tio é uma pessoa MUITO complicada. Já viram alguém com meu humor crônico agudo? Conhecem aquelas pessoas que acreditam que tem a pior vida do mundo, que são as pessoas mais azaradas, que nunca são felizes?


-"Como foi seu dia tio?"

-"Uma merda como sempre..."


Esse tio, cujo nome não cito, teve um namoro mais sério na vida, uma relação de uns 2 anos, e dessa relação uma filha que agora tem 17 anos. Nunca mais ele ficou com ninguém, e olha que é um homem bonito, inteligente, cozinha super bem, limpa a casa compulsivamente, organizado, tem bom gosto, se veste bem. Detalhe: ele é viciado em futebol americano. Talvez o mau humor absurdo tenha afastado tanto a possibilidade de relação humana que ele a substituiu com "a emoção do jogo". Torcedor roxo, ele passa o jogo inteiro xingando, gritando, jogando pequenos objeto pela casa. Depois de uma derrota, eu e meu pai aguentamos uma média de 6 dias com um mau humor muito pior do que o de costume. Depois dos 6 dias se recuperando, tem outro jogo. Quando o time ganha, fica bem menos mau humorado, mas no caso, esquecer de pequeno detalhe, como deixar alguma sujeira na bancada da cozinha, já é o suficiente para ele agir como se o time tivesse perdido.


O que me incomoda nessa pessoa? Incomoda ser silenciosamente obrigada a ficar trancada no meu quarto quando ele se encontra em casa, não poder usar a cozinha quando ele está porque ele se irrita com a falta de espaço, ter meus banhos cronometrados, receber reclamações diversas sobre coisas inimagináveis (e olha que tenho experiência morando com outras pessoas, nunca é fácil) mas ele se supera a cada dia! Considerando que tenho passado os últimos 13 anos longe dessa família, sem receber qualquer forma de ajuda, incluindo presentes de natal e aniversário ou um simples telefonema para saber se estou bem ou viva, ele se sentiu obrigado a reclamar para meu pai da conta de luz, e o fato de ter "triplicado" (duvido!) desde que vim morar aqui. Ele já reclamou da falta de espaço na geladeira, de uma janela aberta, de um tapete mal colocado, da televisão tela plana estar em canal diferente quando ele chega em casa...a lista continua...


Meu pai se sente super mal de eu não poder ficar à vontade na casa dele e até evita de me contar a maioria das coisas que ele diz. Ele reclama do meu pai pra mim, de mim pro meu pai, nunca está feliz, sempre uma porta batendo, algum objeto jogado com violência...um ambiente nada saudável e tranquilo para uma criança recém-nascida. Meu pai e eu temos medo dele reclamar de você chorar, ou do barulho que eu possa fazer andando pela casa com você...


A vida não é mesmo cor de rosa, mas certamente ajuda ter uma atitude positiva, ao menos de vez em quando! Pessoas que se acham sortudas atraem sorte e vice-versa. Penso que ao menos não tenho precisado me preocupar com aluguel, posso descansar, dormir bastante, procurar fazer outras coisas quando meu tio está em casa, meu pai colocou um frigobar que meu primo me deu no quarto e posso passar quase um dia inteiro sem sair daqui! Tudo se resolve, sempre se resolve...


Filha linda minha, agora faltam 5 semanas! Parece pouco tempo...tá passando devagar...mas num piscar de olhos você vai poder trazer todo esse agito que você faz aí dentro de mim para o mundo! Nunca vi, juro, criança mexer tanto quanto você. Você não dorme mais do que 3-4horas de cada vez, me acorda com cambalhotas, chutes, talvez algumas posições de ioga? Sinto você se esticando inteira aí dentro. Nos livros dizem que na fase final a criança mexe menos por falta de espaço e você foge à regra. Vai ser bom demais ver, ouvir, sentir cheirinho de neném! AI QUE GOSTOSOOOOO...