terça-feira, 27 de outubro de 2009

quero paz e arroz...


Por que essa vontade de chorar? Por que tanto desespero? Essas dores não são só por eu carregar essa barriga enorme, por ter engordado feito uma porca. Essas dores têm outra origem.


Tyra Banks é uma top model aposentada que tem seu próprio Talk-show que vai ao ar diariamente aqui nos EUA. Ela parece escolher temas pensando em mim: racismo, relacionamento, maternidade, moda, beleza, auto-estima...Hoje reprisou um programa em que ela fala da violência de mulheres contra homens. Mulheres batem violentamente nos seus maridos ou namorados e os fatos raramente são divulgados, mas é extremamente comum. 1 em cada 4 homens nos EUA sofre de abuso físico, mas são raros os casos denunciados. Não conheço nenhum homem sofrendo abuso, mas acho interessante citar que não é uma questão exclusivamente feminina. Me fez lembrar...


Nunca bati em homem algum, talvez gostaria de ter batido. Talvez não, com certeza. Nunca tive coragem, obviamente, nem de bater em mulher. Nunca precisei brigar, nunca fui fisicamente agredida... a não ser de namorado. Meus pais são pessoas que apesar de terem me disciplinado, apanhei um tanto de cinta já, mas nunca foram violentos ou me bateram com raiva. Sempre me incentivaram à auto expressão saudável. Não tem nada de errado em socar um travesseiro, dar uns pulinhos de raiva...mas não tenho contato com formas violentas de expressão: o bater de uma porta, o socar uma parede, quebrar objetos, etc.


Algumas pessoas com quem me relacionei tinham reações desse tipo. Por exemplo, esqueceram a chave e ao invés de esperar 10 minutos para outra pessoa chegar, a pessoa preferiu socar a janela de vidro até quebrar, xingando, berrando e se ensaguentando todo. Levei um empurrão uma vez no meio de uma briga, outra vez fui agredida numa cena de ciúme. Um sujeito me esperava onde meu carro estava estacionado. Com minhas coisas em sacos plásticos, ele berrava e jogava os sacos na rua com uma cara que nunca vou esquecer. Me xingou de vários nomes (outro fator que acho inadmissível) até que o mandei pra aquele lugar. Ele veio pra cima de mim com as mãos abertas, como se fosse pra me agarrar pelo pescoço, dei as costas pra sair quando ele me agarrou pelo umbro e me chutou no meio das costas. Além da dor física de levar um chute de alguém que é o dobro do seu tamanho, dói muito mais sentir essa dor de alguém que a gente gosta.


Foi bem difícil terminar com ele. Passaram umas três semanas de discussões e debates até eu conseguir terminar o namoro. Gostava tanto dele, mas ele se irritava e me dava um medo terrível. Outro fator, extremamente comum, é ouvir que NÓS é que fomos culpados pela agressão e que, de alguma forma deturpada, nossos atos nos fizeram merecer. Quando vi que ele não pretendia assumir a culpa, nem buscar ajuda psicológica, finalmente consegui fazer o necessário.


Parece que toda vez que ouço uma porta bater, algum objeto jogado com violência ou alguém xingando com aquela cara e aquela voz de raiva, me levanta uma banderinha de alerta e tenho vontade de sair correndo chorando desesperada.


Deus queira que eu possa sempra ter um lugar tranquilo, pacífico e saudável para criar minha filha. Tenho certeza que com um pouco de esforço posso proporcionar essa paz, além do arroz é claro. O amor sei que já já chega...

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