sexta-feira, 2 de outubro de 2009

quanto tempo passou...

Muito tempo passou desde que surgiu a minha vontade de ser mãe. Quando tinha 16 anos, namorei um menino de 19 que tinha uma vontade imensa de ter filhos e casar!? Eu, no segundo ano do ensino médio, recebia minha educação sexual de 'Capricho' e 'Atrevida'...e apesar de saber que não era o momento, não tinha a menor idéia de prevenção e acreditei nos métodos contraceptivos "furados" do meu namorado. Depois de uns 4 meses de namoro apaixonado, desconfiei, comprei o exame de farmácia, deu positivo e agendei o exame de sangue para ter certeza.
Numa manhã de dezembro, fiz minha mala e deixei uma carta em cima da minha cama avisando meus pais evangélicos e missionários que não voltaria pra casa. Quando namorado e eu buscamos o exame e partimos para morar na praia, (coisas de adolescente!) me lembro vividamente da minha explosão de raiva no carro parados no sinal: "Viu, seu merda, como não adianta gozar fora!?" (uma dica aí filha)...e as caras dos motoristas que assistiam à cena.
Passamos a semana morando em Matinhos, voltamos com as súplicas diárias da sua vó, enfrentamos as famílias, e iniciamos o processo de pensar na vida com responsabilidade. Ao fazer a primeira ecografia, com toda empolgação de ouvir um coraçãozinho bater pela primeira vez: "o feto se desprendeu da parede uterina". Chorei convulsivamente do laboratório ao hospital para realizar a curetagem de emergência. Cirurgia dolorida e chata, me deixou uma semana hemorragiando quando eu soube que não foi bem feita e voltei ao hospital para fazer outra.
Existem mil explicações para um aborto espontâneo. O namorado ficou do meu lado o tempo todo, passamos juntos pela depressão que durou meses. Ouvir dos médicos que talvez eu precisasse fazer tratamento para engravidar me deixou com a sensação de que o universo havia me dado uma missão à cumprir. Entendi que não era o momento, nem a pessoa certa para eu estar ligada para sempre, mas senti que o dia em que acontecesse de novo, seria certo, daria sentido à minha existência.
Em 8 anos fiz tudo que pude: a faculdade de teatro que sonhei, entrei na pós de psicologia corporal, trabalhei nos lugares mais maravilhosos, aprendi coisas que nem sonhava, conheci pessoas talentosíssimas, casei e descasei, aprendi a me virar sozinha e com pouco, curti baladas absurdas, viajei sem saber para onde ia, dormi no carro, ganhei amigos que se tornaram família, troquei bastante fralda, fiz algumas mamadeiras...e o mais importante nessa jornada toda: fui pra terapia!

É, filha, na terapia deu pra entender meus "processos" (coisa de artista!) e principalmente, me preparar pra sua vinda, ficando mais forte, me conhecendo melhor, aprendendo a me amar. Não está sendo fácil, e quando você chegar vou ter um leque todo novo de desafios para enfrentar. Tenho que admitir, não esperava você esse ano, não achei que estava "pronta" ou "estável" o suficiente. Hoje, vendo você mexer o tempo todo (principalmente de madrugada!), sentindo você passar o pézinho embaixo da minha mão e sentindo a força sobre-humana dos seus chutes, tenho certeza de que você é alguém muito especial, que vem mudar minha vida para o melhor e que esse amor VALE A PENA!

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